Hoje é o dia Internacional da Mulher.
Antes de mais quero desejar um dia muito feliz a todas e aos homens também que acompanham o nosso dia-a-dia.
Bem, este dia para mim é como outro qualquer. É bonito termos um dia, para que sejamos honradas e lembrar o nosso esforço para nos destacarmos na "sociedade dos homens". Mas porquê criar um dia especialmente para a Mulher?!
Depois surgem sempre aquelas piadas dos homens do genero: "Vocês têm o dia 8 de Março e os restantes dias são para nós", coisas do genero, que todos os anos oiço.
Todos os dias deviam ser dias da mulher e do homem, pois vivemos em conjunto, um não consegue viver sem outro, quer aceitem quer não. A verdade é que somos seres em relação, onde a inter ajuda existe e é fundamental para a existência da vida!
Cada um tem as suas capacidades, os homens são mais fortes fisicamente, segundo estudos e conseguem se orientar melhor, mas as mulheres suportam mais a dor e têm o sexto sentido, que existe mesmo e que é único no sexo feminino. Cada sexo com as suas características, quando se juntam formam um único ser, perfeito e completo.
Já que hoje é o dia em que a dignidade da mulher é homenageada, achei por bem, referir um artigo que li na revista mensal "JA" da Associação Académica da Universidade da Madeira, sobre a MGF - Mutilação Genital Feminina.
Segundo a revista esta prática localiza-se principalmente no centro de África, nos países mais pobres como a Somália, o Djibuti e o Sudão, onde mais de 90% da população feminina vai ao "Corte". Em Portugal, também já foram registados estes casos, que têm origem nas comunidades imigrantes.
Segundo a Amnistia Internacional Portuguesa:
"A mutilação genital feminina (MGF) é uma prática em que uma parte ou a totalidade dos órgãos sexuais de mulheres e crianças são removidos. Há vários tipos, que por sua vez têm gravidadas diferentes. Segundo as várias tradições são removidos o clítoris ou os lábios vaginais. Uma das práticas de maior gravidade – chamada infibulação - consiste na costura dos lábios vaginais ou do clítoris, deixando uma abertura pequena para a urina e a menstruação. Aproximadamente 15 % das mutilações em África são infibulações. A MGF é levada a cabo em várias idades, desde depois do nascimento até à primeira gravidez, tendo a maioria lugar entre os quatro e oito anos."
No site encontrei um testemunho que passo a citar:
"“Sofri mutilação genital feminina aos dez anos. A minha defunta avó disse-me então que me iam levar perto do rio para executar uma espécie de cerimónia, e que depois me dariam muita comida. Como criança inocente que era, lá fui como uma ovelha para a matança. Mal entrei no arbusto secreto, levaram-me para um quarto muito escuro e tiraram-me as roupas. Vendaram-me os olhos e despiram-me completamente. Depois, duas mulheres fortes levaram-me para o local onde seria a operação. Quatro mulheres com força obrigaram-me a deitar-me de costas, duas apertando-me uma perna cada uma. Outra mulher sentou-se sobre o meu peito para eu não mexer a parte de cima do meu corpo. Um bocado de tecido foi-me posto dentro da boca para eu não gritar. Depois raparam-me os pelos. Quando começou a operação debati-me imenso. A dor era terrível e insuportável. Enquanto me debatia cortaram-me e perdi sangue. Todos os que fizeram parte da operação estavam meios bêbados. Outros estavam a dançar e a cantar, e ainda pior, estavam nus. Fui mutilada com um canivete rombo. Depois da operação, ninguém me podia ajudar a andar. O que me puseram na ferida cheirava mal e doía. Estes foram momentos terríveis para mim. Cada vez que queria urinar, era forçada a estar em pé. A urina espalhava-se pela ferida e causava de novo a dor inicial. Às vezes tinha de me forçar a não urinar, com medo da dor terrível. Não me anestesiaram durante a operação, nem me deram antibióticos contra infecções. Depois, tive uma hemorragia e fiquei anémica. A culpa foi atribuída à feitiçaria. Sofri durante muito tempo de infecções vaginais agudas.”
Hannah Koroma, Serra Leoa"
Se existe um dia MUNDIAL das Mulheres, porque não fazer os possíveis e os impossíveis para que este dia seja cumprido, para que as mulheres possam ter maior dignidade, terem tantos direitos como os dos homens, em vez de serem tratas como objectos, serem usadas e abusadas. Fazer-se ouvir a mulher e os seus desejos como pessoa, como ser humano, é dar um passo em frente para um mundo com mais direitos e igualdade.
Os votos de um bom Domingo para todos! :)